terça-feira, 29 de novembro de 2011

Caminhada no Parque das Nações Indígenas com um olhar um pouco mais aguçado do que de costume


Muito sol logo pela manhã, e fomos eu e a Rute fazer uma caminhada no Parque das Nações Indígenas. Com um olhar um pouco mais aguçado do que de costume, pois tinha que preparar um relatório para o Mestrado de Desenvolvimento Local com minhas impressões sobre o local. Conforme o prezadíssimo Professor Josemar, algo simples, somente com as impressões mesmo.
Não podia deixar passar a oportunidade para tirar algumas fotos e compartilhar com meus queridos amigos visitantes do blog.
Logo na entrada, aproveitamos para fazer um diagnóstico das nossas condições físicas (rsrsrsrsr!!!), com uma equipe de alunos e professores do curso de Educação Física e de Nutrição da UNIDERP, que ali estava desenvolvendo uma atividade junto a comunidade que frequenta o parque, trabalho aliás mais do que oportuno, tanto para os acadêmicos como para todos que se interessam em saber sobre suas condições de saúde e trocar umas idéias. Parabéns à UNIDERP pela iniciativa.
Pois bem, o Parque das Nações Indígenas fica em Campo Grande-MS e está localizado nos altos da Avenida Afonso Pena. Tem uma extensão de 119 hectares e oferece infra-estrutura para a prática de esportes e lazer.
Possui uma pista asfaltada para caminhada e ciclovia de 4000 metros, quadras de esportes, pátio para skate e patins, sanitários, policiamento e um grande lago formado pelas águas do Córrego Prosa. Para eventos culturais o parque abriga a Concha Acústica Helena Meirelles, com 1050 lugares, o Teatro de Arena com 450 lugares, além do Museu de Arte Contemporânea (MARCO) e o Museu das Culturas Dom Bosco.

De acordo com a administração do parque, cerca de 70% da sua vegetação é formada por gramados e árvores ornamentais que fazem parte do projeto de paisagismo concebido para o desfrute dos freqüentadores. Uma grande quantidade de espécies de árvores são preservadas tais como: jenipapo, mangueira, capitãozinho, aroeira e outras.
O Parque das Nações Indígenas fica ao lado da reserva do Parque dos Poderes, centro político e administrativo do Estado abrigando diversidade de variedades e espécies de nossa fauna e flora, como periquitos, araras, tucanos, além de pequenos animais silvestres como veados e capivaras, que podem ser vistos facilmente na área.
O parque funciona de terça-feira a domingo, das 6 às 21 horas.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Vergonha!

Chove com frequência em Vancouver. Quando isso acontece nos fins de semana, fico em casa. Leio muito nessas horas e, para mitigar a solidão, deixo a TV ligada. Em um desses meus momentos solitários, a TV reportava que, no Japão, apesar dos terremotos, das falhas nas usinas nucleares, e da falta de alimentos, não haviam ocorrido episódios de violência, saques ou desordem.
Uma senhora de meia idade foi entrevistada na fila onde as rações de alimentos estavam sendo distribuídas. Perguntada por que, diante da perspectiva de falta de alimento, ela esperava calmamente pela sua vez na fila, ela singelamente respondeu: “Porque se agisse de outra maneira, traria grande vergonha para mim e minha família.”. Achei interessante que ela tenha usado a palavra “vergonha”.
De fato, pesquisas conduzidas por John Braithwaite, da Australian National University (ANU), apontam para o fato de que, sociedades nas quais a vergonha é parte importante da cultura, sofrem menos com criminalidade, violência e corrupção.
A possibilidade de experimentar o sentimento de vergonha externamente, atraves da sanção ou condenação por membros da familia e da sociedade; e internamente, através das noções de certo e errado advindas do processo de socialização, contribui para a criação de uma sociedade mais justa e pacifica.
Ética, portanto, é ao mesmo tempo uma questão individual, cultural e coletiva. É preciso uma aldeia para educar uma criança.
Nesta ótica, crime, violência e corrupção são vistos como ofensas à comunidade, e não ao Estado. Deve-se fazer o que é certo, e não o que é meramente legal. As ações devem se orientar pelo campo da ética, e não do direito.
Trata-se de restaurar os danos e as relações entre pessoas, e não de punir ofensas ao Estado. Trata-se de restaurar relações, e não de fabricar presos.
Existe algo fundamentalmente errado quando, em uma sociedade, as noções de legalidade ou ilegalidade substituem as noções de certo e errado. Quando o sistema jurídico fica mais importante que a ética. Quando o compromisso com o bem-estar da comunidade se esconde atrás de nossa consciência adormecida. Nesta hora, perdemos a vergonha.
A vida não cabe em um conjunto de leis. Ela é maior que isso. Não cabe em livros ou códigos. Não cabe no direito. A vida é dinâmica, fluida, contraditória e cheia de dilemas. Em uma sociedade pacifica, organizada e evoluída, a ética precede a legalidade. As pessoas têm vergonha. Nestes tempos de apagão ético, talvez seja isso o que nos falte.
Elton Simoes mora em Vancouver, Canada há 2 anos. Formado em Direito (PUC); Administração de Empresas (FVG); MBA (INSEAD), com Mestrado em Resolução de Conflitos (Univesity of Victoria). Email: esimoes@uvic.ca.