quinta-feira, 1 de novembro de 2018

A agenda do Meio Ambiente é mais complexa que a da Agricultura.


Vejo com preocupação a intenção de Bolsonaro em submeter o Ministério do Meio Ambiente (MMA) ao da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), será um grande equívoco, e isso precisa ser repensado.
Não desmerecendo a importância da produção de alimentos, mas não reconhecendo a necessidade de se regular o uso consciente e racional dos recursos naturais estaremos dando um tiro no pé, pois não tratamos somente de agricultura e do campo, estamos falando da importância de mantermos o equilíbrio de ecossistemas e de preservação da vida, estamos falando de diferentes biomas, de bacias hidrográficas, de aquíferos, de florestas, de serras, de mares e oceano, de parques, de APAs, de Corredores Ecológicos. Estamos falando de licenciamentos para indústria e comércio em geral, incluindo aí licenciamentos complexos como os relativos ao setor da mineração, vide o desastre ambiental provocado pelo rompimento da barragem da Samarco no município de Mariana-MG e o rastro de destruição deixado na bacia hidrográfica do Rio Doce e consequências nefastas até sua foz no Oceano Atlântico, já em outro estado da federação, no Espírito Santo. Falamos ainda dos licenciamentos para a indústria do petróleo com a preocupação aumentada pela exploração e produção de petróleo e gás natural no pré-sal.
O mundo está de olho no Brasil devido à sua importância geopolítica, sendo o quinto maior país em extensão territorial e detentor da posse e soberania de grande parte da maior floresta tropical do mundo, a Amazônica, com toda sua diversidade e de outros importantes biomas, além de uma costa com mais de 7.000 km com no mínimo 200 milhas oceano adentro de zona econômica exclusiva (ZEE) e com uma grande responsabilidade da sua gestão ambiental.
Importante dizer também que cada vez mais, tanto no mercado nacional como no comércio exterior são valorizados os produtos industrializados ou as commodities que tenham o selo verde, ou seja, que tenham a preocupação em sua produção os cuidados com a preservação ou conservação do meio ambiente.
Após o retrocesso da posição americana com Trump nos seus rompantes irrefletidos tirando os Estados Unidos do Acordo do Clima de Paris em junho de 2018 tudo que se espera é que o Brasil, por suas posições firmes em defesa do desenvolvimento sustentável não cometa os mesmos erros, de não valorizar o Meio Ambiente, não esquecendo de citar que hoje, pensando melhor, e vendo o equívoco, Trump já considera retornar ao acordo climático.
A pasta do MAPA tem outras prioridades a tratar, não daria a atenção que o Meio Ambiente merece e deve ter.
Temos que proteger a natureza das ações predatórias do homem, é vital para a preservação da vida. Sem dúvida também precisamos ocupar espaços, seja com as cidades, seja no campo produzindo alimentos, ou qualquer outra atividade econômica, mas que tenhamos em mente a importância de ocupar os espaços sempre com um viés conservacionista, de uso racional. Mahatma Gandhi já dizia que “a natureza pode suprir todas as necessidades do homem, menos a sua ganância".
Ronaldo São Romão Sanches é Administrador, Pós-graduado em Planejamento e Gestão Estratégica e Mestre em Desenvolvimento Local. e-mail: ronaldosrs@hotmail.com