domingo, 19 de julho de 2015

Nadica de nada

Lendo a excelente entrevista do cineasta José Padilha, na revista Trip, do mês de junho de 2015, com o título de "Planos de fuga" animei-me a escrever um pouco (talvez seja mais correto dizer desabafar), mesmo não concordando em alguns pontos de vista com ele (ainda bem né?), mas a verdade é que a sociedade brasileira pouco reflete com profundidade sobre seus problemas, sobre possíveis soluções ou melhor dizendo, sobre tentar novos caminhos.
Se necessitamos de uma ampla reforma política, quem está fazendo a reforma? Nós, não!!!!!!!. Quem???? Um congresso imerso num lamaçal de corrupção, a escola superior da malandragem como já disse notório bandido na cara de um congressista. É necessário dizer que mesmo com essa crítica, afirmo que considero a república democrática com eleição livre dos seus representantes em todos os níveis e nos três poderes independentes conforme preconizou Montesquieu, o melhor sistema político já criado pelo homem, sem qualquer sombra de dúvida. Porém o que estamos fazendo para aperfeiçoar esses importantes mecanismos? Nadica de nada.
Se temos um sistema de saúde que tem de um lado um SUS bilionário e caótico e de outro planos de saúde gananciosos e maliciosos. O que fazemos? Absolutamente nada.
Se temos um sistema previdenciário que é uma grande caixa preta e ninguém contesta as ações de pilhagem sobre sua suada poupança obrigatória, e sequer existe um extrato que lhe informa sobre o que você foi obrigado a recolher por toda a vida, mas tem políticos e outros malandros, até de toga, se aposentando com fartos benefícios imerecidos.
O que fazemos? Nadica de nada.
A violência imperando e o que fazemos? Nos iludimos colocando em nossas casas cercas elétricas, mais trincas de segurança ou vamos para condomínios fechados (quem pode né?), ou achando que a simples redução da maioridade penal vai resolver a crucial questão. Ledo engano. E o que fazemos? nadica de nada.
O ensino público tá um lixo? Onde está o modelo de democracia que a universidade deveria exemplificar para o restante da sociedade? E o que fazemos?? Nadica de nada. 
E podemos continuar escrevendo sobre crises em tudo, no transporte público, mobilidade urbana cada vez mais sem mobilidade (rsrsrs), cadê o trem bala??, rodovias precárias, operações tapa buracos indecentes, licitações fraudulentas, o lixo urbano, abastecimento de água em crise no país considerado detentor da maior reserva de água potável do mundo, sistema penal falido, tribunais de conta (de faz de conta), poder judiciário que perdeu o fiel da balança, etc, etc, etc...
Enfim, adianta ficar indignados? Talvez para não aborrecer-nos não entramos a fundo nessas questões que são essenciais para nossa qualidade de vida, pois ficamos achando que é verdade aquele dito que uma andorinha só não faz verão. E aí adotamos a postura errônea de corrermos atrás apenas dos nossos interesses. 
Mas uma hora somos chamados a contribuir com o bem estar comum, com o público, e nessa hora o debate é importante, mas é importante não sermos inflexíveis ante o contraditório. Devemos exercitar sempre o respeito ao outro.
Buscarmos o entendimento, que é sempre um desafio na nossa longa escalada evolutiva, mas isso já é um outro assunto.

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