Vejo com
preocupação a intenção de Bolsonaro em submeter o Ministério do Meio Ambiente
(MMA) ao da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), será um grande equívoco,
e isso precisa ser repensado.
Não
desmerecendo a importância da produção de alimentos, mas não reconhecendo a
necessidade de se regular o uso consciente e racional dos recursos naturais
estaremos dando um tiro no pé, pois não tratamos somente de agricultura e do
campo, estamos falando da importância de mantermos o equilíbrio de ecossistemas
e de preservação da vida, estamos falando de diferentes biomas, de bacias
hidrográficas, de aquíferos, de florestas, de serras, de mares e oceano, de
parques, de APAs, de Corredores Ecológicos. Estamos falando de licenciamentos
para indústria e comércio em geral, incluindo aí licenciamentos complexos como
os relativos ao setor da mineração, vide o desastre ambiental provocado pelo
rompimento da barragem da Samarco no município de Mariana-MG e o rastro de
destruição deixado na bacia hidrográfica do Rio Doce e consequências nefastas
até sua foz no Oceano Atlântico, já em outro estado da federação, no Espírito
Santo. Falamos ainda dos licenciamentos para a indústria do petróleo com a preocupação
aumentada pela exploração e produção de petróleo e gás natural no pré-sal.
O mundo está
de olho no Brasil devido à sua importância geopolítica, sendo o quinto maior país
em extensão territorial e detentor da posse e soberania de grande parte da maior
floresta tropical do mundo, a Amazônica, com toda sua diversidade e de outros
importantes biomas, além de uma costa com mais de 7.000 km com no mínimo 200
milhas oceano adentro de zona econômica exclusiva (ZEE) e com uma grande responsabilidade
da sua gestão ambiental.
Importante
dizer também que cada vez mais, tanto no mercado nacional como no comércio
exterior são valorizados os produtos industrializados ou as commodities que
tenham o selo verde, ou seja, que tenham a preocupação em sua produção os
cuidados com a preservação ou conservação do meio ambiente.
Após o
retrocesso da posição americana com Trump nos seus rompantes irrefletidos
tirando os Estados Unidos do Acordo do Clima de Paris em junho de 2018 tudo que
se espera é que o Brasil, por suas posições firmes em defesa do desenvolvimento
sustentável não cometa os mesmos erros, de não valorizar o Meio Ambiente, não
esquecendo de citar que hoje, pensando melhor, e vendo o equívoco, Trump já
considera retornar ao acordo climático.
A pasta do
MAPA tem outras prioridades a tratar, não daria a atenção que o Meio Ambiente
merece e deve ter.
Temos que
proteger a natureza das ações predatórias do homem, é vital para a preservação
da vida. Sem dúvida também precisamos ocupar espaços, seja com as cidades, seja
no campo produzindo alimentos, ou qualquer outra atividade econômica, mas que
tenhamos em mente a importância de ocupar os espaços sempre com um viés conservacionista,
de uso racional. Mahatma Gandhi já dizia que “a natureza pode suprir todas as
necessidades do homem, menos a sua ganância".
Ronaldo
São Romão Sanches é
Administrador, Pós-graduado em Planejamento e Gestão Estratégica e Mestre em
Desenvolvimento Local. e-mail: ronaldosrs@hotmail.com
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